Análise do poema

a)      Análise temática – tema e assunto     
TEMA: D. Dinis era o rei visionário, porque mandou plantar o Pinhal de Leiria a pensar no futuro, ou seja, com o objectivo de construir naus para posteriormente partir para os descobrimentos.
ASSUNTO: D. Dinis fala dos descobrimentos e por isso, é visto como o plantador de naus o plantador de naus a haver. Ele próprio plantava os pinhais como um trigo | De Império, ondulam sem se poder ver. O futuro só é acessível aos sonhadores, assim como ele sonhava com o barulho dos pinhais. È o futuro que ele sonha Oceano por achar.

b)     Análise formal e estilística:
CLASSIFICAÇÃO ESTRÓFICA, RIMÁTICA E MÉTRICA:
O poema é construído por duas estrofes e 5 versos cada estrofe (quintilha).
São versos irregulares quanto á métrica e ao ritmo.
O segundo verso de cada estrofe, é composto por oito sílabas métricas (octossílabo) e os restantes versos são decassilábicos.
A rima varia entre pobre e rica e obedece ao seguinte esquema rimático: abaab, com rimas cruzadas, emparelhadas e interpoladas.

RECURSOS ESTILÍSTICOS E A SUA EXPRESSIVIDADE (4 EXEMPLOS):
Imagem -> O plantador de naus a haver-> Imaginação da frase.
Metáfora -> Arroio esse cantar; trigo de Império -> Comparação dita.
Comparação -> Como um trigo | de Império -> Relação de semelhança.
Óximoro -> E ouve um silêncio múrmuro -> Ligação de dois termos que se excluem mutuamente.

c)      Mensagem veiculada pelo texto


A grandeza dos feitos de uma nação é inseparável da sua grandeza literária. Pelo que se compreende que Fernando Pessoa tenha concebido na Mensagem um super Portugal em que ele seria o super Poeta. A cultura parece desempenhar aqui um papel de importância acrescentada. Também o Quinto império será cultural.

Apresentação da figura histórica

D. Dinis é o sexto rei de Portugal, nasceu no dia 9 de Outubro de 1261 e faleceu no dia 7 de Janeiro de 1325 (com 63 anos). É filho de D. Afonso III e de D. Beatriz de Castela.
Ficou conhecido como o rei O Lavrador (pelo impulso que deu na actividade) e o Rei-Trovador (pelas cantigas de amigo e de amor).
Pensam que foi o primeiro rei português que não foi analfabeto, pois foi o primeiro rei português a assinar os seus documentos com o seu nome completo.
A Universidade de Coimbra foi fundada por D. Dinis. Mandou traduzir importantes obras, sendo a sua Corte um dos maiores centros literários da Península Ibérica.
Voltou a distribuir terras, promoveu a agricultura e fundou várias comunidades rurais, assim como: mercados e feiras, criando as chamadas feiras francas.
Uma das suas maiores missões foi a ordem de plantar o pinhal de Leiria, com o objectivo de proteger as terras agrícolas do avanço das areias costeiras.
D. Dinis encontra-se sepultado no Convento de São. Dinis, em Odivelas.

Integração do poema na estrutura da Mensagem

O poema D. Dinis enquadra-se na primeira parte da Mensagem, ou seja, no Brasão.
D. Dinis é um símbolo importante na poesia, na construção do Mundo: Fernando Pessoa designa D. Dinis como o rei que é capaz de prever o futuro e interpreta isso através das suas acções (É a voz da terra ansiando pelo mar.), ou seja, Fernando Pessoa quer mostrar ao povo português que se deve ser aventureiro para ultrapassar a mediocridade.

Poema - D.Dinis

Na noite escreve um seu Cantar de Amigo
O plantador de naus a haver
E ouve um silêncio múrmuro consigo:
É o rumor dos pinhais que, como um trigo
De Império, ondulam sem se poder ver

Arroio, esse cantar, jovem e puro,
Busca o Oceano por achar;
E a fala dos pinhais, marulho obscuro,
É o som presente desse mar futuro,
É a voz da terra ansiando pelo mar.